O atroz uso da tortura como instrumento para obtenção de informações

AutorTiago Pires Cotias Villas
Páginas113-133
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O atroz uso da tortura como instrumento para obtenção de
informações
The atrocious use of torture as a tool for obtaining information
Tiago Pires Cotias Villas*
RESUMEN
El uso de la tortura como instrumento para la obtención de información,
en la investigación en lo criminal, acompaña a la historia de la humanidad. Esta
cruel técnica es llevada a cabo por el poder estatal desde la Edad Antigua,
tanto en la civilización griega como en la romana, período en el cual los
esclavos y los extranjeros eran las víctimas principales. Sobre todo en los
períodos más dictatoriales, los tormentos eran infligidos contra los hombres
libres que se oponían a los gobiernos tiránicos.
La confesión extraída a través del empleo de la tortura se transformó en
la reina de las pruebas, en la Edad Media. La Iglesia Católica y el Estado
monárquico absolutista fueron responsables, por las mayores atrocidades
vividas, al torturar centenas de millares de personas consideradas herejes
durante el período de la Inquisición, que tuvo su inicio en el medievo y se
extendió por toda la Edad, Moderna en Europa y en sus colonias.
Solamente después, el momento iluminista, contribuyó sustancialmente a una
reformulación del Derecho Penal en la época, en lo que respecta a ese atroz
procedimiento de extracción de información del reo y los testimonios fueron
legalmente prohibidos.
A pesar de existir un esfuerzo de la comunidad internacional para poner
fin a la tortura en el mundo contemporáneo, a través del la firma de Tratados y
Convenciones Internacionales, que determinan la prohibición de esa técnica
como una norma de jus cogens, infelizmente la realidad nos revela que los
Estados, inclusive aquellos que se dicen democráticos, institucionalizan su uso
en la práctica. Tal escenario actual, nos demuestra que la extirpación total de la
tortura continúa siendo un desafío para el Derecho Penal.
ABSTRACT
The use of torture as a tool for obtaining information in criminal
investigations follows the history of mankind. This cruel technique is perpetrated
by state power since the Ancient Age, Greek and Roman civilization; period for
which the slaves and foreigners were the main victims. However, during the
more dictatorial periods were inflicted torments against the freemen opponents
of tyrannical government.
The confession extracted through the use of torture became the queen of
proofs in the Middle Ages. The Catholic Church and the absolutist monarchical
State were responsible for the greatest atrocities ever experienced the torture
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hundreds of thousands of people considered heretics during the Inquisition,
which had its beginnings in medieval times and extended throughout Modern
Age in Europe and its colonies.
Only after the enlightenment movement, which contributed substantially to a
reformulation of Criminal Law at the time, this atrocious information extraction
procedure of defendants and witnesses was legally prohibited.
Although there is the effort of the international community to end torture
in the contemporary world, by editing international treaties and conventions that
determine the prohibition of this technique as a norm of jus cogens,
unfortunately the reality reveals that states, including the so-called democratic,
institutionalized their use in practice. This current scenario shows us that the
total eradication of torture remains a challenge in the Criminal Law.
PALABRAS CLAVE
Tortura- Investigación criminal- Confesión- Edad Media- Inquisición
KEY WORDS
Torture- Criminal investigation- Confession- Middle Ages- Inquisition
Introdução
A Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes1
O presente trabalho tem como objeto de estudo o uso da tortura como
instrumento de obtenção de provas na investigação criminal desde as
civilizações antigas até o mundo contemporâneo. Iremos analisar o tratamento
legal deste atroz procedimento, explorando sua concepção ideológica nas
distintas sociedades ao longo da história da humanidade.
conceitua o termo “tortura” como qualquer ato
pelo qual dores, sofrimentos agudos, físicos e mentais, são infligidos
intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa,
informações e confissões; de castigá-la por ato cometido; de intimidá-la ou
coagi-la; ou ainda por algum motivo baseado em discriminação de qualquer
natureza; quando tais sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou
outra pessoa no exercício de funções públicas, assim como por sua instigação,
consentimento ou aquiescência.
Observaremos que a inflição de tormentos teve seu ápice a partir da
Idade Média e durante toda a Idade Moderna, períodos pelos quais foram
vivenciadas as maiores atrocidades contra a humanidade praticadas por parte
da Igreja Católica e do Estado monárquico absolutista. Atestaremos também
que embora tenhamos evoluído no sentido de maior proteção à dignidade da
pessoa humana e respeito aos direitos humanos, a tortura está longe de ser
extirpada por completo na prática, em decorrência do uso abusivo e ilegal do
poder estatal. Tal realidade está presente até mesmo nos países ditos
democráticos, como os Estados Unidos da América e seus aliados na guerra
contra o terrorismo, assim como o Brasil no combate ao tráfico de drogas e
demais delitos.
1 A Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes,
adotada pela Resolução 39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10/12/1984, foi ratificada pela
República Federativa do Brasil em 28/09/1989 e promulgada pelo Decreto nº 40 de 15/02/1991.

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